Estação da palavra: CONHEÇA A POESIA DE BANDEIRA TRIBUZI
Bandeira Tribuzi foi o poeta que introduziu o Modernismo no Maranhão em 1948, com o livro de poesias “Alguma Existência”. Grande agitador cultural, ele foi um dos fundadores da Revista A Ilha e do Jornal O Estado do Maranhão. Influenciou muitos poetas maranhenses, entre eles, Ferreira Gullar, que admite ter tomado conhecimento da estética modernista graças a esse ilustre maranhense.
Na verdade, Bandeira Tribuzi é o pseudônimo de José Tribuzi Pinheiro Gomes. Nascido em São Luís do Maranhão, a 2 de fevereiro de 1927 e falecido em 8 de setembro de 1977. Apesar de reconhecido sobretudo como poeta, ele foi também economista. Em 1946 viveu e estudou em Portugal, onde tomou conhecimento da escrita poética de Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro e José Régio. Ao chegar na provinciana São Luís da época, era um homem de muito estudo e com uma espetacular sensibilidade poética.
A inevitável
Insaciavelmente ela te espera
Carnívora em seu furor uterino
Movida pela fome de pantera
Vigia teus descuidos de menino.
De numerosas tramas tece a espera
E os becos sem saída do destino
E em seu macio pelo esconde a fera,
A fúria, o enredo e o negro desatino
Sempre te espreita desarmado,
Pronta a te desferir garra ferina
Para sorver-te a vida àquela hora
Insuspeita, fatal e inevitada
Pois, se lhe foges, ela te fascina
E, se te entregas, ela te devora.
Muitos de seus poemas são repassados de sensualidade lírica:
Refúgio
Guarda-me em teus olhos
Quando amanheceres.
Guarda-me em teus lábios
Quando seja tarde
Guarda-me ao crepúsculo
Na tua ternura,
E, chegada a noite,
Guarda-me em teu corpo.
Libertação
Querida, dá-me de teus lábios
Porque morro de desejo
Deixa que um beijo me livre
Da angústia deste veneno.
Dá-me tuas unidades,
Teus recantos mais secretos
Pois só tua intimidade
Faz de mim um ser liberto.
Corpo desnudo
Assim tão alvo e desnudo,
Teu doce corpo deitado
Me faz ausente de tudo,
Todo nele concentrado.
Teu doce corpo desnudo
Contemplo em transe a teu lado
Debruçado no teu corpo
Desnudo, como um luar,
Colho teu sabor, absorto;
Degusto teu doce sal
Conjugo, sobre teu corpo,
Os tempos do verbo amar.
No poema abaixo, uma pétala caindo desperta imagens de rara beleza:
Cai a última pétala no caminho
Um desengano passa como um rio
Há margens murchas, frias e cansadas
Duas pombas abrem de manso as asas.
Há um vento leve, lento e sonolento
Há um acenar de saudades, como um lenço.
Cai a última pétala no caminho
Passa leve o destino com suas mãos de menino.
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