domingo, 21 de agosto de 2011

MONTEIRO LOBATO E SEU CONTO "NEGRINHA"




                                 TRABALHANDO: LEITURA/ REDAÇÃO/ INTERTEXTUALIADE

Proposta 1: Leia o conto abaixo e produza uma narração recriando a história  de negrinha, de modo a dar-lhe outro final.

Proposta 2: Produza um texto dissertativo sobre a condição do negro no Brasil, relacionando o texto “Negrinha” com o capitulo 20 do livro “1808”.


Negrinha ( Monteiro Lobato)

Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos assustados.
Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros da cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa não gostava de crianças.
Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos padres, com lugar certo na igreja e camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as banhas no trono (uma cadeira de balanço na sala de jantar), ali bordava, recebia as amigas e o vigário, dando audiências, discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora em suma — “dama de grandes virtudes apostólicas, esteio da religião e da moral”, dizia o reverendo.
Ótima, a dona Inácia. Mas não admitia choro de criança. Ai! Punha-lhe os nervos em carne viva. Viúva sem filhos, não a calejara o choro da carne de sua carne, e por isso não suportava o choro da carne alheia. Assim, mal vagia, longe, na cozinha, a triste criança, gritava logo nervosa:
— Quem é a peste que está chorando aí?
Quem havia de ser? A pia de lavar pratos? O pilão? O forno? A mãe da criminosa abafava a boquinha da filha e afastava-se com ela para os fundos do quintal, torcendo-lhe em caminho beliscões de desespero.
— Cale a boca, diabo!
No entanto, aquele choro nunca vinha sem razão. Fome quase sempre, ou frio, desses que entanguem pés e mãos e fazem-nos doer...
Assim cresceu Negrinha — magra, atrofiada, com os olhos eternamente assustados. Órfã aos quatro anos, por ali ficou feito gato sem dono, levada a pontapés. Não compreendia a ideia dos grandes. Batiam-lhe sempre, por ação ou omissão. A mesma coisa, o mesmo ato, a mesma palavra provocava ora risadas, ora castigos. Aprendeu a andar, mas quase não andava. Com pretextos de que às soltas reinaria no quintal, estragando as plantas, a boa senhora punha-a na sala, ao pé de si, num desvão da porta.
— Sentadinha aí, e bico, hein?
Negrinha imobilizava-se no canto, horas e horas.
— Braços cruzados, já, diabo!
Cruzava os bracinhos a tremer, sempre com o susto nos olhos. E o tempo corria. E o relógio batia uma, duas, três, quatro, cinco horas — um cuco tão engraçadinho! Era seu divertimento vê-lo abrir a janela e cantar as horas com a bocarra vermelha, arrufando as asas. Sorria-se então por dentro, feliz um instante.
Puseram-na depois a fazer crochê, e as horas se lhe iam a espichar trancinhas sem fim.
Que ideia faria de si essa criança que nunca ouvira uma palavra de carinho? Pestinha, diabo, coruja, barata descascada, bruxa, pata-choca, pinto gorado, mosca-morta, sujeira, bisca, trapo, cachorrinha, coisa-ruim, lixo — não tinha conta o número de apelidos com que a mimoseavam. Tempo houve em que foi a bubônica. A epidemia andava na berra, como a grande novidade, e Negrinha viu-se logo apelidada assim — por sinal que achou linda a palavra. Perceberam-no e suprimiram-na da lista. Estava escrito que não teria um gostinho só na vida — nem esse de personalizar a peste...
O corpo de Negrinha era tatuado de sinais, cicatrizes, vergões. Batiam nele os da casa todos os dias, houvesse ou não houvesse motivo. Sua pobre carne exercia para os cascudos, cocres e beliscões a mesma atração que o ímã exerce para o aço. Mãos em cujos nós de dedos comichasse um cocre, era mão que se descarregaria dos fluidos em sua cabeça. De passagem. Coisa de rir e ver a careta...
A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. Vinha da escravidão, fora senhora de escravos — e daquelas ferozes, amigas de ouvir cantar o bolo e estalar o bacalhau. Nunca se afizera ao regime novo — essa indecência de negro igual a branco e qualquer coisinha: a polícia! “Qualquer coisinha”: uma mucama assada ao forno porque se engraçou dela o senhor; uma novena de relho porque disse: “Como é ruim, a sinhá!”...
O 13 de Maio tirou-lhe das mãos o azorrague, mas não lhe tirou da alma a gana. Conservava Negrinha em casa como remédio para os frenesis. Inocente derivativo:
— Ai! Como alivia a gente uma boa roda de cocres bem fincados!...
Tinha de contentar-se com isso, judiaria miúda, os níqueis da crueldade. Cocres: mão fechada com raiva e nós de dedos que cantam no coco do paciente. Puxões de orelha: o torcido, de despegar a concha (bom! bom! bom! gostoso de dar) e o a duas mãos, o sacudido. A gama inteira dos beliscões: do miudinho, com a ponta da unha, à torcida do umbigo, equivalente ao puxão de orelha. A esfregadela: roda de tapas, cascudos, pontapés e safanões a uma — divertidíssimo! A vara de marmelo, flexível, cortante: para “doer fino” nada melhor!
Era pouco, mas antes isso do que nada. Lá de quando em quando vinha um castigo maior para desobstruir o fígado e matar as saudades do bom tempo. Foi assim com aquela história do ovo quente.
Não sabem! Ora! Uma criada nova furtara do prato de Negrinha — coisa de rir — um pedacinho de carne que ela vinha guardando para o fim. A criança não sofreou a revolta — atirou-lhe um dos nomes com que a mimoseavam todos os dias.
— “Peste?” Espere aí! Você vai ver quem é peste — e foi contar o caso à patroa.
Dona Inácia estava azeda, necessitadíssima de derivativos. Sua cara iluminou-se.
— Eu curo ela! — disse, e desentalando do trono as banhas foi para a cozinha, qual perua choca, a rufar as saias.
— Traga um ovo.
Veio o ovo. Dona Inácia mesmo pô-lo na água a ferver; e de mãos à cinta, gozando-se na prelibação da tortura, ficou de pé uns minutos, à espera. Seus olhos contentes envolviam a mísera criança que, encolhidinha a um canto, aguardava trêmula alguma coisa de nunca visto. Quando o ovo chegou a ponto, a boa senhora chamou:
— Venha cá!
Negrinha aproximou-se.
— Abra a boca!
Negrinha abriu aboca, como o cuco, e fechou os olhos. A patroa, então, com uma colher, tirou da água “pulando” o ovo e zás! na boca da pequena. E antes que o urro de dor saísse, suas mãos amordaçaram-na até que o ovo arrefecesse. Negrinha urrou surdamente, pelo nariz. Esperneou. Mas só. Nem os vizinhos chegaram a perceber aquilo. Depois:
— Diga nomes feios aos mais velhos outra vez, ouviu, peste?
E a virtuosa dama voltou contente da vida para o trono, a fim de receber o vigário que chegava.
— Ah, monsenhor! Não se pode ser boa nesta vida... Estou criando aquela pobre órfã, filha da Cesária — mas que trabalheira me dá!
— A caridade é a mais bela das virtudes cristas, minha senhora —murmurou o padre.
— Sim, mas cansa...
— Quem dá aos pobres empresta a Deus.
A boa senhora suspirou resignadamente.
— Inda é o que vale...
Certo dezembro vieram passar as férias com Santa Inácia duas sobrinhas suas, pequenotas, lindas meninas louras, ricas, nascidas e criadas em ninho de plumas.
Do seu canto na sala do trono, Negrinha viu-as irromperem pela casa como dois anjos do céu — alegres, pulando e rindo com a vivacidade de cachorrinhos novos. Negrinha olhou imediatamente para a senhora, certa de vê-la armada para desferir contra os anjos invasores o raio dum castigo tremendo.
Mas abriu a boca: a sinhá ria-se também... Quê? Pois não era crime brincar? Estaria tudo mudado — e findo o seu inferno — e aberto o céu? No enlevo da doce ilusão, Negrinha levantou-se e veio para a festa infantil, fascinada pela alegria dos anjos.
Mas a dura lição da desigualdade humana lhe chicoteou a alma. Beliscão no umbigo, e nos ouvidos, o som cruel de todos os dias: “Já para o seu lugar, pestinha! Não se enxerga”?
Com lágrimas dolorosas, menos de dor física que de angústia moral —sofrimento novo que se vinha acrescer aos já conhecidos — a triste criança encorujou-se no cantinho de sempre.
— Quem é, titia? — perguntou uma das meninas, curiosa.
— Quem há de ser? — disse a tia, num suspiro de vítima. — Uma caridade minha. Não me corrijo, vivo criando essas pobres de Deus... Uma órfã. Mas brinquem, filhinhas, a casa é grande, brinquem por aí afora.
— Brinquem! Brincar! Como seria bom brincar! — refletiu com suas lágrimas, no canto, a dolorosa martirzinha, que até ali só brincara em imaginação com o cuco. Chegaram as malas e logo:
— Meus brinquedos! — reclamaram as duas meninas. Uma criada abriu-as e tirou os brinquedos.
Que maravilha! Um cavalo de pau!... Negrinha arregalava os olhos. Nunca imaginara coisa assim tão galante. Um cavalinho! E mais... Que é aquilo? Uma criancinha de cabelos amarelos... que falava “mamã”... que dormia...
Era de êxtase o olhar de Negrinha. Nunca vira uma boneca e nem sequer sabia o nome desse brinquedo. Mas compreendeu que era uma criança artificial.
— É feita?... — perguntou, extasiada.
E dominada pelo enlevo, num momento em que a senhora saiu da sala a providenciar sobre a arrumação das meninas, Negrinha esqueceu o beliscão, o ovo quente, tudo, e aproximou-se da criatura de louça. Olhou-a com assombrado encanto, sem jeito, sem ânimo de pegá-la.
As meninas admiraram-se daquilo.
— Nunca viu boneca?
— Boneca? — repetiu Negrinha. — Chama-se Boneca?
Riram-se as fidalgas de tanta ingenuidade.
— Como é boba! — disseram. — E você como se chama?
— Negrinha.
As meninas novamente torceram-se de riso; mas vendo que o êxtase da bobinha perdurava, disseram, apresentando-lhe a boneca: — Pegue!
Negrinha olhou para os lados, ressabiada, como coração aos pinotes. Que ventura, santo Deus! Seria possível? Depois pegou a boneca. E muito sem jeito, como quem pega o Senhor menino, sorria para ela e para as meninas, com assustados relanços de olhos para a porta. Fora de si, literalmente... era como se penetrara no céu e os anjos a rodeassem, e um filhinho de anjo lhe tivesse vindo adormecer ao colo. Tamanho foi o seu enlevo que não viu chegar a patroa, já de volta. Dona Inácia entreparou, feroz, e esteve uns instantes assim, apreciando a cena. Era tal a alegria das hóspedes ante a surpresa extática de Negrinha, e tão grande a força irradiante da felicidade desta, que o seu duro coração afinal bambeou. E pela primeira vez na vida foi mulher. Apiedou-se.
Ao percebê-la na sala Negrinha havia tremido, passando-lhe num relance pela cabeça a imagem do ovo quente e hipóteses de castigos ainda piores. E incoercíveis lágrimas de pavor assomaram-lhe aos olhos.
Falhou tudo isso, porém. O que sobreveio foi a coisa mais inesperada do mundo — estas palavras, as primeiras que ela ouviu, doces, na vida:
— Vão todas brincar no jardim, e vá você também, mas veja lá, hein?
Negrinha ergueu os olhos para a patroa, olhos ainda de susto e terror. Mas não viu mais a fera antiga. Compreendeu vagamente e sorriu. Se alguma vez a gratidão sorriu na vida, foi naquela surrada carinha...
Varia a pele, a condição, mas a alma da criança é a mesma — na princesinha e na mendiga. E para ambos é a boneca o supremo enlevo. Dá a natureza dois momentos divinos à vida da mulher: o momento da boneca — preparatório —, e o momento dos filhos — definitivo. Depois disso, está extinta a mulher.
Negrinha, coisa humana, percebeu nesse dia da boneca que tinha uma alma. Divina eclosão! Surpresa maravilhosa do mundo que trazia em si e que desabrochava, afinal, como fulgurante flor de luz. Sentiu-se elevada à altura de ente humano. Cessara de ser coisa — e doravante ser-lhe-ia impossível viver a vida de coisa. Se não era coisa! Se sentia! Se vibrava!
Assim foi — e essa consciência a matou.
Terminadas as férias, partiram as meninas levando consigo a boneca, e a casa voltou ao ramerrão habitual. Só não voltou a si Negrinha. Sentia-se outra, inteiramente transformada. Dona Inácia, pensativa, já a não atazanava tanto, e na cozinha uma criada nova, boa de coração, amenizava-lhe a vida.
Negrinha, não obstante, caíra numa tristeza infinita. Mal comia e perdera a expressão de susto que tinha nos olhos. Trazia-os agora nostálgicos, cismarentos.
Aquele dezembro de férias, luminosa rajada de céu trevas adentro do seu doloroso inferno, envenenara-a.
Brincara ao sol, no jardim. Brincara!... Acalentara, dias seguidos, a linda boneca loura, tão boa, tão quieta, a dizer mamã, a cerrar os olhos para dormir. Vivera realizando sonhos da imaginação. Desabrochara-se de alma.
Morreu na esteirinha rota, abandonada de todos, como um gato sem dono. Jamais, entretanto, ninguém morreu com maior beleza. O delírio rodeou-a de bonecas, todas louras, de olhos azuis. E de anjos... E bonecas e anjos remoinhavam-lhe em torno, numa farândola do céu. Sentia-se agarrada por aquelas mãozinhas de louça — abraçada, rodopiada. Veio a tontura; uma névoa envolveu tudo. E tudo regirou em seguida, confusamente, num disco. Ressoaram vozes apagadas, longe, e pela última vez o cuco lhe apareceu de boca aberta.
Mas, imóvel, sem rufar as asas. Foi-se apagando. O vermelho da goela desmaiou...
E tudo se esvaiu em trevas. Depois, vala comum. A terra papou com indiferença aquela carnezinha de terceira — uma miséria, trinta quilos mal pesados...
E de Negrinha ficaram no mundo apenas duas impressões. Uma cômica, na memória das meninas ricas.
— “Lembras-te daquela bobinha da titia, que nunca vira boneca?”
Outra de saudade, no nó dos dedos de dona Inácia.
— “Como era boa para um cocre!...”

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

TRABALHANDO A OBRA O CRIME DO PADRE AMARO, DE EÇA DE QUEIRÓS

FILME: O CRIME DO PADRE AMARO

Título original: (El Crimen del Padre Amaro)
Lançamento: 2002 (México)
Direção: Carlos Carrera
Atores: Gael García Berna,  Ana Claudia Talancón, Sancho Gracia.
Duração: 118 min
Gênero: Drama

Passo a passo do filme (por: Belinha)

1)      O recém ordenado Pe. Amaro chega na cidade de Los Reyes para assumir seu lugar na paróquia antes de continuar seus estudos em Roma.
2)      Uma linda devota chamada Amélia diz a Amaro no confessionário que é muito sensual.
3)      Amaro descobre a relação amorosa entre Padre Benito, seu superior, e Sanjuaneira, mãe de Amélia.
4)      Amaro e os outros padres discutem a favor do fim do celibato.
5)      Pe. Benito acusa pe. Natálio de ajudar guerrilheiros e  Pe. Natálio diz que não são guerrilheiros, são trabalhadores rurais obrigados pelos traficantes a plantar papoula. Ele também acusa Pe. Benito de lavar dinheiro dos traficantes e do prefeito através da construção de um centro hospitalar.
6)      Pe. Benito vai ao batizado da filha do traficante Dom Chato.
7)      As fotos da amizade entre o pe. Benito e o traficante são roubadas por um camponês da comunidade de pe. Natálio e vão parar nas mãos de Rubem, que as publica.
8)      Amélia termina com Rubem por causa do artigo e das fotos contra a igreja.
9)      Amaro, a pedido do bispo, publica um desmentido da igreja e exige a demissão de Rubem para o dono do jornal.
10)  Amaro e Amélia beijam-se na igreja.
11)  Amaro diz ao sineiro que precisa de um quarto vai preparar Amélia para ser freira.
12)  Amaro e Amélia encontram-se e fazem amor no quarto ao lado de Getsêmani, a filha do sineiro.
13)   Amélia sugere que Amaro deixe o sacerdócio e ele recusa.
14)  O sineiro denuncia as relações de Amaro e Amélia para pe. Benito.
15)   Pe. Benito vai até a casa do sineiro e com ajuda de Getsêmani descobre a verdade sobre Amaro e Amélia.
16)   Pe. Benito recrimina Amaro por suas relações com Amélia.
17)  Amélia engravida.
18)  Pe. Benito passa mal e é socorrido pelo traficante.
19)   Amaro propõe que Amélia reate com Rubem para que este assuma a criança, ela o procura mas ele não a quer mais.
20)   Amaro leva a pe. Natálio a excomunhão ordenada pelo bispo.
21)   Com a ajuda da hipócrita beata Dionísia, Amaro leva Amélia para fazer um aborto em uma clínica clandestina.
22)  Amélia tem uma hemorragia e falece.
23)   Amaro celebra a missa pela morte de Amélia e deixa a cidade pensar que Ruben a engravidou.

NO LIVRO É DIFERENTE:

1)      Não existe a problemática da drogas e da teologia da libertação.
2)      Pe. Benito é, na verdade, o cônego Dias. Rubem é João Eduardo. Pe. Natálio é o abade Ferrão.
3)      Dionísia trabalha na paróquia.
4)      Amaro hospeda-se na casa de Amélia e só depois vai morar na paróquia.
5)      João Eduardo não se recusa ficar com Amélia. Apenas não é localizado por ela.
6)      Amaro contrata uma mulher para matar o próprio filho.
7)      Cônego Dias é conivente com a relação de Amaro com Amélia.
8)      Há mais personagens na história.

EXERCÍCIO SOBRE O FILME

  1. Quais os símbolos da igreja católica que são profanados, dessacralizados?

  1. Qual a personagem que representa a beata fanática e de comportamento hipócrita?

  1. As personagens realistas possuem defeitos e qualidades, sendo assim, Amaro não era de todo mau ou insensível, sendo até capaz de um gesto de solidariedade no começo da história. Que gestou foi esse?

  1. É possível ver a enorme influência que do clero na cidadezinha através de que cena?

  1. O que é dito no filme acerca do celibato?

  1. Por que Natálio preferiu ser expulso da igreja?

  1. Qual a ironia presente na última cena do filme?

RESPOSTAS:

  1. Há vários elementos:
A hóstia (comida pelas crianças e pelo gato de Dionísia).
O manto da santa ( que cobre a nudez de Amélia).
A passagem do livro de cântico dos cânticos usada no ato sexual com Amélia.
A própria igreja e a imagem dos santos (cenário para o beijo)

  1. Dionísia.

  1. Amaro dá dinheiro a um senhor que fora assaltado.

  1. As beatas  fazem um protesto no qual um garoto acerta um pedrada na cabeça do pai de Rubem.

  1. Os padres dizem que o celibato deveria ser opcional. Pe. Benito acha bobagem, pois ele vive uma relação secreta com Sanjuaneira.

  1. Porque a vida de líder camponês era mais cristã e digna que a dos sacerdotes corrompidos pelo dinheiro. 

  1. Amaro faz uma oração que expressa arrependimento, mas não assumiu a culpa pela morte de Amélia nem pareceu sentir nenhum remorso.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Estação da palavra: CONHEÇA A POESIA DE BANDEIRA TRIBUZI

Bandeira Tribuzi foi o poeta que introduziu o Modernismo no Maranhão em 1948, com o livro de poesias “Alguma Existência”. Grande agitador cultural, ele foi um dos fundadores da Revista A Ilha e do Jornal O Estado do Maranhão. Influenciou muitos poetas maranhenses, entre eles, Ferreira Gullar, que admite ter tomado conhecimento da estética modernista graças a esse ilustre maranhense.
Na verdade, Bandeira Tribuzi  é o pseudônimo de José Tribuzi Pinheiro Gomes. Nascido em São Luís do Maranhão, a 2 de fevereiro de 1927 e falecido em  8 de setembro de 1977. Apesar de reconhecido sobretudo como poeta, ele foi também economista. Em 1946 viveu e estudou em Portugal, onde tomou conhecimento da escrita poética de Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro e José Régio. Ao chegar na provinciana São Luís da época, era um homem de muito estudo e com uma espetacular sensibilidade poética.

A inevitável

Insaciavelmente ela te espera
Carnívora em seu furor uterino
Movida pela fome de pantera
Vigia teus descuidos de menino.

De numerosas tramas tece a espera
E os becos sem saída do destino
E em seu  macio pelo esconde a fera,
A fúria, o enredo e o negro desatino

Sempre te espreita desarmado,
Pronta a te desferir garra ferina
Para sorver-te a vida àquela hora
Insuspeita, fatal e inevitada
Pois, se lhe foges, ela te fascina
E, se te entregas, ela te devora.


Muitos de seus poemas são repassados de sensualidade lírica:

Refúgio

Guarda-me em teus olhos
Quando amanheceres.

Guarda-me em teus lábios
Quando seja tarde

Guarda-me ao crepúsculo
Na tua ternura,

E, chegada a noite,
Guarda-me em teu corpo.


Libertação

Querida, dá-me de teus lábios
Porque morro de desejo
Deixa que um beijo me livre
Da angústia deste veneno.

Dá-me tuas unidades,
Teus recantos mais secretos
Pois só tua intimidade
Faz de mim um ser liberto.

Corpo desnudo

Assim tão alvo e desnudo,
Teu doce corpo deitado
Me faz ausente de tudo,
Todo nele concentrado.
Teu doce corpo desnudo
Contemplo em transe a teu lado

Debruçado no teu corpo
Desnudo, como um luar,
Colho teu sabor, absorto;
Degusto teu doce sal
Conjugo, sobre teu corpo,
Os tempos do verbo amar.

No poema abaixo, uma pétala caindo desperta imagens de rara beleza:

Cai a última pétala no caminho
Um desengano passa como um rio

Há margens murchas, frias e cansadas
Duas pombas abrem de manso as asas.

Há um vento leve, lento e sonolento
Há um acenar de saudades, como um lenço.

Cai a última pétala no caminho
Passa leve o destino com suas mãos de menino.