OFICINA DE POESIA

POESIA

EXERCÍCIO N. 01:
Faça uma releitura de poemas conhecidos, escrevendo uma “resposta” ao poema lido. Veja um exemplo inspirado no poema abaixo de Bruna Lombardi.

RESIDUAL

Você pode ficar com tudo que eu tenho
pode ficar com a nossa história
com meu passado
pode escolher qualquer pedaço da minha vida
é teu, tá dado

pode guardar, quebrar, fazer de conta que não houve
que nunca aconteceu, que eu nem existo
pode duvidar se valeu, ou relembrar
revisitar, a tua memória é um misto
do que não foi e do que podia ter sido

e por isso ainda fica nessa casa
um resto de esperança, um colorido
a lembrança arranhando as paredes, a alma
ainda um pouco carregada
Por isso resolvi ir. Você
pode ficar com tudo isso
que eu não posso, não quero levar nada.

Bruna Lombardi.


Veja o poema-resposta que fiz para o eu-lírico do poema de Bruna:


Você disse que eu podia ficar com tudo
nossa história, nossas lembranças,
cada segredo dividido e cada risada compartilhada
tudo que eu quisesse.

Falou que guardasse, quebrasse, fizesse de conta que nada houve
que nunca tivemos nada, fingisse que você não existia.
podia jogar no porão escuro das memórias vãs
ou trazer à tona tudo que foi e já não é nem será

Você preferiu ir embora de nossa casa
pra escapar das lembranças
e estilhaçar a corrente da saudade
sei que em cada canto de nossa morada
você ainda me vê, me ouve e me sente
minha respiração ficou presa à tua alma
Não adianta você ir. Você
pode jogar tudo fora, apagar até minhas qualidades
mas não vai conseguir preencher
o vazio da nossa separação.


Faça agora com outros autores, rendendo-se ao mundo lírico do poeta escolhido.

2) Leia o poema abaixo e faça também um poema no qual você defina em metáforas o que é a vida.

VIVA A VIDA

A vida é uma oportunidade, aproveite-a...

A vida é beleza, admire-a...

A vida é felicidade, deguste-a...

A vida é um sonho, torne-o realidade...

A vida é desafio, enfrente-o...

A vida é um dever, cumpra-o...

A vida é um jogo, jogue-o...

A vida é preciosa, cuide dela...

A vida é uma riqueza, conserve-a...

A vida é amor, goze-o...

A vida é mistério, descubra-o...

A vida é tristeza, supere-a...

A vida é um hino, cante-o...

A vida é uma luta, aceite-a...

A vida é aventura, arrisque-a...

A vida é alegria, mereça-a...

A vida é vida, defenda-a...

(Madre Tereza de Calcutá)

3) exercício poético
A poetisa Jô Mendonça, poetisa que encontrei na net, desenvolveu seu poema a partir de uma comparação na qual se personifica numa cobra.  Leia o poema dela e faça o seu próprio poema personificando-se em um bicho qualquer. Veja um exemplo abaixo.

SERPENTE VIVA
  (Jô Mendonça)

Sou como cobra
Que se arrasta pela caatinga
Por entre a areia, as pedras
E plantas verdes
Rastejo e enrosco
Meu bailado de serpente
Dançando em curvas sinuosas
Deixo os rastros

Meu corpo lânguido
Colorido e desenhado
Devagarzinho se arrastando
Faz caminhos
Caminhos retos e às vezes tortuosos
Dirige uma trilha
Que vai dá no oceano
Num mar repleto de tesouros encantados

Deixei meu ninho
Escondido pelos matos
Pra minhas crias
Não morrer sem deixar rastros
Olho pro céu e vejo o sol
Luz reluzente
Queimando a pele
Que é grossa e resistente

E de repente me escondo
Passando gente
Sem deixar sombras, encanto!
Eu sou serpente
Fazendo um coque
De cores feito rodilha
Estou enroscada
Também estou protegida

Das armadilhas do mundo
Serpente Viva!

Exemplo:
Eu sou como uma gata
Ágil, arisca
Pulando muros
Rolando nos telhados
Meu olhar felino fuzila o luar
Meu andar silencioso na noite
Engana minhas presas noturnas

Meu jeito sorrateiro não teme as sombras
Pulo um muro aqui e outro ali
E logo estarei na calçada deserta
A rua será toda minha.

Pelo manhã me encontrão tranquila
Dormindo num canto da sala
Eu sou como uma gata
Dama da noite
Ronronando no telhado do seu quarto.

(Belinha)

4) exercício poético: autorretrato.


Auto-Retrato  (Manuel Bandeira)

Provinciano que nunca soube
Escolher bem uma gravata;
Pernambucano a quem repugna
A faca do pernambucano;
Poeta ruim que na arte da prosa
Envelheceu na infância da arte,
E até mesmo escrevendo crônicas
Ficou cronista de província;
Arquiteto falhado, músico
Falhado (engoliu um dia
Um piano, mas o teclado
Ficou de fora); sem família,
Religião ou filosofia;
Mal tendo a inquietação de espírito
Que vem do sobrenatural,
E em matéria de profissão
Um tísico profissional.

O poeta Thiago Lia Fook Meira Braga, poeta que encontrei na net, fez seu auto-retrato:
AUTO-RETRATO

Quem sou? – pergunto. E nada escuto e nada
Sou! – concluo. Entretanto insisto e tudo
Invisto em ser alguém. Em revoada,
Os sonhos me abandonam neste escuro.

Faça-se a luz! Espero... E o mundo mudo
E o deus sem voz não ergue a mão pesada.
Diante apenas um caminho duro
De perdas e cascalhos e granadas.

Então, empenho, trêmulo, a adaga...
Melhor o fim que a duração sem fim!
Decido. Hesito. Avanço. Paro, enfim.

E, destas trevas tormentosas, vejo
Sair quem sou como princípio em pejo:
Thiago Lia Fook Meira Braga.


AGORA FAÇA SEU AUTORRETRATO POÉTICO.